2004/12/20

Bússula Política

Respondi ao questionário do Political Compass, Bússula Política na versão portuguesa disponível no Público, e devo dizer que fiquei surpreendido com o resultado:

Esquerda / Direita: -2.75
Autoritarismo / Libertarianismo: -5.79

Sempre me considerei democrata com tendências anarquistas, mas nunca do centro esquerda... à direita do Socrates?!!!

Fiquei ainda mais chocado quando li, no artigo da autoria de Pedro Magalhães, que "não é por acaso que a maior parte dos bloggers portugueses que vão divulgando os resultados que obtêm no Political Compass, mesmo os que se definem “à direita”, apareçam, por vezes para seu enorme espanto, na “esquerda libertária”. “Esquerda” porque vivem em Portugal e na Europa, partilhando, talvez sem disso se darem conta, dos seus consensos." Disto entendo que o centro dos valores económicos na europa está mais à esquerda do que o centro noutros países, será que os meus -2.75 representarão o centro do eixo económico na Europa?!

Enfim...

nosce te ipsum

A nossa existência é feita de uma sequência de mortes e renascimentos, o nosso eu vai morrendo e outros vão nascendo ao longo do tempo. Há momentos em que nos apercebemos da mudança, que é inevitável, e neles devemos assinar a certidão de óbito do eu morto para receber com alegria o eu acabado de nascer.

2004/12/15

Ideia de cidade II

Na história de Roma de Tito Lívio a fundação de cidades e o conceito de cidade é semelhante à que Sófocles transmite na sua comédia "As Aves".

Neles a fundação de uma cidade é um acto nobre, um acto inspirado que é posto em prática por homens, mas que se aproxima do divino. Ou melhor, aproxima o homem do divino, havendo até vários casos na história em que os fundadores da cidade são divinizados.

A cidade, enquanto abstracção, evolui para a um conceito mais abrangente e mais complexo, mas da mesma natureza, que é a nação. Hoje continuamos a "divinizar" os fundadores da nação, e todos aqueles que tiveram um papel importante na defesa ou na definição da nação. Políticos, artistas e militares, ou os seus feitos, merecem estátuas, nomes de ruas e feriados. O culto que lhes prestamos é cultural ou patriótico, já não é religioso, mas continua a ser um culto.

Do latim civitas vêm as palavras cidade e cidadão, e do grego pólis vêm as palavras política e policía, em Atenas os nossos conceitos de cidadão e de político eram eram um só, sendo que todos os cidadão faziam política na assembleia. Noutras sociedades, como a nossa, esses conceito afastaram-se cada vez até chegar ao ponto de um político ser uma classe de cidadão com privilégios legais e sociais.

O nosso regime político é uma democracia representativa partidária, difere da ateniense por serem os partidos políticos a representar os interesses dos cidadãos na assembleia. O problema deste sistema é a diferença entre a representação dos cidadãos e a representação dos partidos.

2004/11/27

A ideia de cidade na Grécia antiga

A ideia de cidade na antiga Grécia era, pelo que os livros de história deixam entender, algo vagamente semelhante à nossa ideia de nação. As cidades eram pequenas, Atenas teria menos de 40.000 habitantes e muitas das cidades mais pequenas teriam 10.000 habitantes, dependiam dos terrenos de cultivo e das vias de comunicação nas suas proximidades e havia grande competência entre as cidades.

Em caso de necessidade, por exemplo um acontecimento que destruísse as colheitas, o roubo organizado era uma opção que não se podia ignorar. O exército de uma cidade poderia atacar as zonas mais desprotegidas de outra à procura de alimentos que lhes permitisse sobreviver. A cidade roubada não iria gostar, e pediria compensações, se não se chegasse a acordo iniciava-se a guerra, que culminaria com o ataque directo a uma das cidades.

Numa cidade estado não existiam exércitos organizados e profissionais, a economia e a dimensão das cidades não lhes permitia esse luxo, o exército era constituído por todos os homens livres da cidade, os cidadãos. Todos eles saíam para enfrentar o inimigo, lado a lado combatiam o inimigo da sua cidade.

Após uma batalha às portas da cidade, com as mulheres e crianças a verem desde as muralhas, os soldados vitoriosos eram recebidos em festa, apesar do luto pelos mortos, os vivos eram heróis que tinham protegido a cidade da pilhagem e da escravatura, que tinham protegido os templos dos seus deuses, que tinham garantido a protecção das sementeiras evitando a fome.

A cidade era uma ideia muito importante para um cidadão, ele é parte integrante dela, e ela é parte integrante dele. Deve protegê-la, estimá-la e cuidar dos edifícios, das pessoas, das estátuas, dos deuses, dos campos, dos animais, enfim da cidade. Além de com os seus concidadãos existirem ligações familiares, económicas e de amizade; existia ainda uma forte solidariedade entre aqueles que suavam e sangravam juntos.

2004/11/21

Estrutura Social de Atenas

Na estrura social de Atenas encontramos os seguintes grupos:

Cidadãos eram todos os homens livres atenienses. Os seu filhos, as suas mulheres e os seus escravos não exerciam o poder. Os cidadãos estavam divididos em grupos, de acordo com os seus rendimentos:

- Mais de quinhentos dracmas: pentacosiomedimnos.
- Mais de trezentos dracmas: cavaleiros
- Mais de duzentos dracmas: zeugitas
- Menos de duzentos dracmas: tetas

Escravos, Atenas era, como todas as pólis gregas, uma cidade esclavagista. Os escravos não tinham direitos políticos e eram meras coisas que se possuíam. Tinham, no entanto, melhores condições de vida que noutras cidades, podendo ascender a um nível de vida superior aos teta.

Estrangeiros viviam na cidade e tinham liberdade de movimentos, mas não participavam no exercício do poder.

De um ponto de vista actual o sistema ateniense pode parecer estranho, uma vez que apenas os cidadãos, cerca de 10% da população total segundo algumas estimativas, detinham o poder; sendo acusados de serem uma aristocracia alargarda, em nada comparável às democracias actuais, no entanto na época destoava imenso das formas de governo autocráticas ou aristocráticas.

Para Atenas a igualdade era um ideal concretizada em três ideias, a Isegoria – a liberdade de expressão; a Isocracia – igualdade de acesso ao poder e a Isonomia – igualdade perante a lei.

Os adversários da democracia argumentavam que dar a todos os cidadãos acesso ao poder promovia a incompetência, por alguns dos cidadãos não terem preparação para o exercício de certos cargos. A solução encontrada por Atenas foi a mesma que a informática encontrou para alguns problemas, a redundância, praticamente todos os cargos eram ocupados por um número elevado de cidadãos.

2004/11/17

Literatura na antiguidade.

Acabei de fazer o meu exame de Civilizações Pré-Clássicas na Universidade Aberta. Ao estudar para ele encontrei algo que quero partilhar convosco, um poema de Amenófis IV, também conhecido como Akhenaton, dirigido à sua esposa Nefertiti:

"Aspiro o delicado hálito da tua boca.
Todos os dias admiro a tua beleza.
Desejo ardentemente escutar a tua doce voz,
mesmo quando tem a forma do vento do norte,
a fim de que os meus membros rejuvenesçam pelo teu amor.
Dá-me a mão e faz que eu receba o teu espírito
e que eu viva através dele.
Chama eternamente pelo meu nome
e ele jamais será esquecido."

Este poema foi escrito entre 1367 a.C. e 1333 a.C., datas prováveis do reinado de Amenófis IV.

Podem ver o lindo busto de Nefertiti: http://en.wikipedia.org/wiki/Nefertiti

2004/10/08

Projectos Informáticos para Leigos

A informática evolui, desde os seus primórdios na Segunda Guerra Mundial, afastada dos não iniciados. Só os informáticos conheciam e viviam os problemas da arte e ciência de desenvolver/manter software e hardware, os leigos foram gradualmente dominando a utilização da informática, mas a actividade dos informáticos sempre foi algo hermético.

Com a adopção de soluções informáticas no mundo empresarial e em instituições públicas foi dado a conhecer um pouco desse mundo a alguns utilizadores, aqueles que colaboram no processo de desenvolvimento. Mas para a maioria de nós a informática continua a ser algo fechado e inacessível. No entanto, sem que para isso tenhamos feito nada, a informática entrou nas nossas vidas.

Neste momento, e o problema da colocação de professores é disso um exemplo, a informática está lá, é já uma realidade incotornável. Esta interferência nas nossas vidas exige de nós, sociedade, um esforço: compreender a informática.

Não só ao nível da utilização, mas também ao nível do desenvolvimento. Não devem ser só os informáticos a receber formação em Gestão de Projectos, os utilizadores deveriam receber formação em Participação em Projectos Informáticos. Especialmente os gestores e pessoas com capacidade de decisão do lado do cliente da solução informática.

2004/09/22

Duas posições antagónicas.

Por um lado José Luis Zapatero, o actual presidente do governo espanhol, apela ao diálogo e às soluções não militares para lidar com o terrorismo, afirma que é necessário evitar que surjam barreiras onde elas não existem, entre o Islão e o dito mundo ocidental, e que é necessário encontrar as causas racionais para o terrorismo de forma a encontrar soluções racionais. Defende também o conhecimento mútuo e programas de aproximação cultural e educativa.

Por outro lado José María Aznar disse: “España rechazó ser un trozo más del mundo islámico cuando fue conquistada por los moros, rehusó perder su identidad.”. O anterior presidente do governo espanhol adoptou uma tese de conflito milenar entre dois grupos humanos, com culpa clara para os que agrediram primeiro, em que a única solução é manter o estado das coisas ad aeternum.

Para o senhor Aznar a Espanha tem as suas raízes no reino Visigodo e as influências posteriores, aparentemente porque resultantes de uma invasão, são contrárias à identidade espanhola. Mas ignorar a influência que a cultura árabe teve e tem na península é uma forma de trair a identidade espanhola e portuguesa. Quer queiramos aceitá-lo ou não muitos dos nossos antepassados eram árabes e muçulmanos, “limpar” a identidade Espanhola dessa influência é uma manipulação da realidade. Este tipo de argumento, de renunciar a identidade cultural e histórica com outros grupos humanos, é utilizado pelos bascos em relação à Espanha romanizada e arabizada, é utilizado no médio oriente e em inúmeros conflitos.

Alimentar a diferença é alimentar o ódio. Alimentar a proximidade é alimentar a paz.

2004/09/21

Jogos Paraolímpicos

Quando se iniciaram os jogos paraolímpicos de Atenas 2004 encontrava-me em Espanha, foi na TVE que assisti à cerimónia de abertura com o desfile das delegações de cada um dos países participantes.

Quando a delegação portuguesa passou na pista o comentário dos jornalistas espanhois foi, mais ou menos:

"E agora vemos a delegação portuguesa que teve alguns problemas em se deslocar até Atenas, pois até muito próximo da data dos jogos o Governo português devia à federação portuguesa cerca de 500.000€"

É verdade que o desporto para deficientes evoluiu imenso nas últimas décadas, graças ao esforço de muitas pessoas dedicadas à tarefa hercúlea de criá-lo, mas ainda falta dignificá-lo e dignificar os atletas.

2004/09/09

Sudão

Finalmente os Estados Unidos consideraram que o que está a ocorrer no Sudão é um genocídio.

Esperemos que, agora, haja acção no sentido de parar o processo de limpeza étnica que estar a acontecer.

A minha esperança de que isso aconteça não é muita...

2004/09/07

As instituições de Atenas

Politicamente Atenas estava dividida em 10 tribos. Cada tribo correspondia a uma zona geográfica e tinham todas uma importância semelhante, as instituições de Atenas reflectiam esta divisão administrativa:

A Assembleia (Ecclesia) era constituída por todos os cidadãos das 10 tribos, reunia-se na acrópole e tinha o direito e o poder de tomar todas as decisões políticas relativas à cidade.

O Conselho dos Quinhentos (Boulê) era uma “comissão executiva” da Assembleia constituído por 50 cidadãos (prítanes) sorteados de cada tribo, perfazendo um total de 500 cidadãos. Tinha como funções elaborar as propostas de lei, que seriam aprovadas pela assembleia, e regulava a actuação dos Estrategos.

Os Tribunais Populares (Helieia) eram formados a partir do sorteio de 600 cidadãos de cada das dez tribos, totalizando 6000 cidadãos, que formavam júris especiais com um tamanho variável entre os 201 e os 2501 membros, dependendo da complexidade ou gravidade do caso a ser julgado.

Do Areópago eram membros dez Arcontes que julgavam casos de homicídio, e casos relacionados com os assuntos religiosos.

Existiam ainda dez Estrategos que detinham o poder militar e que eram eleitos anualmente.

De notar que os atenienses consideravam a eleição como um método antidemocrático, para eles apenas o sorteio garantia a igualdade de todos no acesso ao exercício do poder, garantia também a isenção de quem detinha o cargo. Ser político não era uma profissão, nem uma opção, era algo inerente ao facto de se fazer parte de uma cidade, de uma pólis.

O Santo Graal

A primeira vez que me lembro de tomar contacto com o Graal foi na biblioteca de Sintra, lendo um livro de que não me lembro do título, nem do nome do autor.

Lembro-me que fiquei extremamente curioso, que fui à procura de mais livros sobre o tema, e que não compreendi nada do que li, zero. Fiquei com um sentimento estranho, por um lado queria perceber o que era, queria entender os códigos que todos aqueles livros utilizavam; por outro lado fiquei com a ideia de que aquilo era areia a mais para a minha camioneta, que aqueles assuntos deveria ser deixados lá longe. Eu nem sabia o que queria dizer “esotérico”, “místico” e outras palavras igualmente ininteligíveis, muito menos sabia quem eram os templários, rosa-cruz, maçons e outros tais mencionados naqueles livros com uma linguagem tão incompreensível como interessante.

As referências que esses livros faziam a outros acabaram por me levar a ler um atrás do outro, a passar horas e horas na biblioteca (o dinheiro era pouco...) e a começar finalmente a perceber alguma coisita do que os livros diziam. Quando um livro fazia referência ao Budismo eu ia buscar um livro de Budismo; quando a referência era à Cabala, lá ia eu; Hinduísmo, há que ler; Judaísmo, já agora; Tarot? também marcha; Alquimia, venha ela.

Ao fim de alguns anos de leitura, algo errante, por todos esses temas alguém me perguntou:
- O que é o Graal?
Ao que respondi:
- O importante não é o Graal, é o caminho até ele.

Como a minha mulher está a terminar a leitura do Código de Da Vinci, que ainda não li, achei por bem dar-lhe um empurrãozinho e comprar-lhe um livro que li há uma macheia de anos e que inspirou Dan Brown: O Sangue de Cristo e o Santo Graal de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. Esta edição tem um prefácio de 1996 que não existia na edição que li da primeira vez, e nele está a seguinte frase:

“Ao tentar responder a estas perguntas, demos por nós envolvidos na nossa própria e irresistível aventura, a nossa ‘busca do Graal’ pessoal. Mas isso, afinal de contas, é apenas uma metáfora para aquilo que todos os indivíduos devem fazer de forma a impregnar as suas vidas de significado, objectivo e direcção.”

Recomendo a quem leu o Código de Da Vinci que não fique por aí, há um caminho interminável a percorrer, sentados numa biblioteca ou numa esplanada, por todo o espólio literário da humanidade.

2004/08/31

Hidrogénio vs. Petróleo

O petróleo, por ter tanto peso na economia, afecta de uma forma profunda a política, gerando algumas tensões e conflitos em todo o planeta. Mas já existem alternativas, principalmente na indústria automóvel, que poderão permitir uma mudança radical na forma como alguns países interagem.

O hidrogénio é um candidato a substituto do petróleo cada vez mais sério, na Califórnia vão-se instalar três postos de distribuição de para ser utilizado como combustível para veículos automóveis. Mais informação aqui: www.fuelcelltoday.com

Por outro lado a indústria automóvel também está a investir nesta tecnologia que permitirá substituir os combustíveis fósseis por outros mais baratos, mais amigos do ambiente e mais facilmente acessíveis a todos: Mazda

Dos vários tipos de postos que vão ser testados aquele que gera H2 in situ, através de electrólise de água, é o mais interessante. Esse só tem água no estado líquido, com riscos nulos de explosão do posto ou dos veículos de transporte, aumentando a segurança em relação aos hidrocarbonetos. O Hidrogénio é armazenado no estado gasoso no veículo em tanques pressurizados. O ideal seria a produção do gás dentro do veículo, reduzindo dessa forma os riscos de explosão do hidrogénio armazenado nos tanques.

O principio químico é este (em linguagem pseudo-cientifíca):

Electrólise:
(energia) + 2 H2O -> 2H2 + O2

Combustão:
2H2 + O2 -> 2 H2O + (energia)


2004/08/06

Sudão e o poder.

1 - O Sudão é um país que serviu de base a Bin Laden, onde ele tinha campos de treino e interesses económicos consideráveis, e onde durante alguns anos.

2 - Os Americanos consideraram, há alguns anos, justificável o bombardeamento de uma fábrica em território sudanês, por produzir armas químicas ou componentes para o seu fabrico.

3 - O governo sudanês protege com a sua inépcia as acções de grupos armados que atacam uma parte da população do seu país.

4 - O Sudão vive há anos uma guerra civil que provocou grande mortandade e várias crises humanitárias.

5 - As autoridades do Sudão demonstraram desrespeito pelas instituições internacionais, respondendo com ameaças às decisões emanadas da ONU.

Não foram estes argumentos os necessários para a intervenção Anglo-Americana no Iraque? Fico preocupado pela ambiguidade das regras que regem a actualidade, faz-me lembrar o tempo em que as leis não eram escritas e em que quem detinha o poder de julgar e penalizar acabava por deter todo o poder.

O que acontece em Darfur é inadmissível, é um crime público contra a humanidade, e faz falta um poder judicial com competência para acusar os responsáveis. Infelizmente os EUA são os maiores adversários do TPI, que tanta falta nos faz.

Não era suposto evitar que se repetisse o que aconteceu no Ruanda? Deve a Europa permitir que isto aconteça? Onde estão as forças de intervenção rápida? Se vamos ter uma super potência que de uma forma ou outra dominará o mundo, que seja uma com princípios. Criem a porra da Força de Intervenção Rápida da UE e ajam no Sudão, na Serra Leoa, na Colômbia, nas Filipinas, na Chechénia, na Libéria.

Devemos dar o exemplo da acção, mesmo que militar, mas dentro da legalidade através do TPI e da ONU.

2004/07/31

As instituições espartanas

Como qualquer cidade grega da época clássica, Esparta possuía Assembleia, Conselho e Magistrados, embora diferisse por ter Reis.

A Assembleia (Apella), constituída por todos os Espartanos, reunia uma vez por mês ao ar livre. Teoricamente decidia a paz ou a guerra, elegia os magistrados e designava os membros do conselho, mas na prática os seus poderes eram limitados, não tendo qualquer influência na política efectiva.

A Gerusia era o conselho de Esparta, vinte e oito cidadãos com mais de sessenta anos eleitos pela assembleia, mais dois Reis, perfaziam os trinta membros desta instituição, os gerontes. O Método de eleição era o do “aplausómetro”, os cidadãos que recebessem mais aplausos da assembleia era os eleitos. Como não existiam máquinas para calcular o ruído, acredito que a votação não fosse muito rigorosa...

Os Éforos eram cinco magistrados eleitos anualmente, sendo um deles o epónimo ou responsável pela educação. Desempenhavam funções judiciais, executivas, presidiam à Assembleia, davam a ordem de mobilização em tempo de guerra e indicavam a táctica a seguir. Podiam banir os estrangeiros e condenar os periecos à morte sem julgamento.

Os Reis eram dois, escolhidos das famílias Reais dos Agíades e dos Euripôntidas. Tinham poderes consideráveis embora limitados um pelo outro, em caso de discórdia os Éforos arbitravam o conflito. Tinham poder absoluto no plano militar, mas em tempo de guerra apenas um deles o detinha. Desempenhavam ainda funções religiosas.

2004/07/29

A estrutura social de Esparta

Com este artigo dou início a uma série de artigos dedicados à Esparta e à Atenas da época clássica. Começarei por descrever alguns aspectos de cada uma das cidades e depois farei um comparativo entre ambas.

Esparta era uma cidade oligárquica,cuja sociedade estava estratificada em Espartanos, Periecos e Hilotas. Entre estes estratos não havia qualquer mobilidade.

Os Espartanos eram os cidadãos. Para compreender o que significava ser Espartano deve-se dizer que as crianças pertenciam, desde que nasciam, à cidade; as pouco robustas ou deficientes eram eliminadas; as sobreviventes eram educadas pela cidade com primazia pelo exercício físico e militar, pois a guerra era a principal ocupação de Esparta. A cultura tinha pouco peso na educação dos Espartanos, as raparigas também tinham uma educação onde o exercício físico predominava, com o objectivo da darem à luz filhos robustos para a cidade. A esta prática de selecção não natural chama-se eugenia.

Os Periecos eram os habitantes das povoações na periferia da Cidade de Esparta. Tinham autonomia nos assuntos internos, mas nos assuntos externos dependiam exclusivamente de Esparta. Combatiam ao lado dos Espartanos, mas em contingentes separados e não estavam obrigados a seguir a educação Espartana.

Os Hilotas eram servos que serviam o estado e não eram objecto de propriedade privada. A cada cidadão era atribuída uma parcela de terreno (Klêros) e associados a esse terreno estava um número de hilotas. Num dia por ano os Espartanos agrediam gratuitamente e impunemente os hilotas para recordar-lhes qual a estrutura social da cidade.

2004/07/23

A genética e as diferenças entre géneros

Faz parte do senso comum dizer que, ambos os géneros da espécie humana, têm uma predisposição genética que dita o comportamento em sociedade de cada um deles:
A mulher é mais frágil, mais submissa, mais emotiva, mais afectiva, etc.
O homem é mais forte, mais autoritário, menos emotivo, distante, etc.

Mas será que estas diferenças que observamos são ditadas pela genética?

Se uma rapariga bate com um joelho na perna da mesa quando se senta, é aceitável na nossa sociedade que ela chore, que se queixe durante cinco minutos, que faça caretas estranhas nos trinta segundos após o choque. Até se aceita que fique irascível e mal-humorada.

Se um rapaz bate com o joelho na perna de uma mesa quando se senta, nenhum desses comportamentos é aceitável, seriam alvo de crítica por parte dos outros, o único que é aceitável é dizer um palavrão, ou dizer “isto não é nada.” E nunca manifestar aquilo que está a sentir, sob pena de ser apontado como um elemento a excluir e em caso de persistência desse comportamento inaceitável ser efectivamente excluído.

Admitindo que essa rapariga e esse rapaz sentiram a dor com a mesma intensidade, a exigência que a sociedade faz em relação aos seus comportamentos é completamente diferente. Logo, cada um de nós foi moldado pela sociedade de acordo com o nosso género, para cumprir com o ideal que está enraizado na nossa cultura.

Será a genética que a ditar as diferenças, ou a mente de cada um de nós?

2004/07/20

Diálogo com o Karpov

Na sequência do artigo do Karpov tenho a seguinte a acrescentar à reflexão elaborada por ele.

É bem verdade que o Eu é único, e que a arte é um esforço um Eu faz para comunicar as suas emoções e ideias a outros Eus, mas além disso cada eu é único no tempo. Ou seja, o que um indivíduo sente com 5 anos pode não ser sentido pelo mesmo indivíduo com 50 anos, logo são dois Eus associados ao mesmo ser.

Cada ser tem múltiplas realidades, múltiplos eus, ao longo do tempo. Com sentimentos e ideias únicas em cada momento. Na minha interpetração foi a constatação desta realidade que levou a que no Budismo se negue a existência de um Eu, seja na mesma vida, seja em várias vidas. O apego ao Eu pode ser uma fonte de sofrimento.

2004/07/18

Framework .NET 2.0 Beta

Este artigo é destinado apenas aos iniciados...

Se tiverem o Reporting Services a correr sobre o SQL Server 2000 NÃO instalem o "Visual Web Developer 2005 Express Edition Beta" porque o Reporting Services (RS) fica marado.

Aparentemente o RS perde a chave para decifrar as passwords que guarda nos ficheiros rds (Report Data Source) e nas definições de segurança dos reports. A Connection String da própria base de dados do RS fica guardadinha, mas sem a chave para a decifrar e o Web Service do RS não funciona, não sendo possível fazer o Deploy de reports a partir do Visual Studio 2003.

Tive de desinstalar a Framework 2.0 que vinha com o Visual Studio 2005, limpar todos os dados que o RS tinha cifrados (com o comando rskeymgmt), reconfigurar o RS (comando rsconfig) e fazer iisreset.

Enfim, duas horas gastas nesta treta. Obrigado Microsoft.

2004/07/13

Iraque pede colaboração da NATO para policiamento das fronteiras

Era este o título de uma notícia no Publico.

Parece-me que até o novo gorverno iraquiano, que foi nomeado pelos Estados Unidos, tem mais juízo do que a administração Bush. Era expectável que o governo Iraquiano tivesse dificuldades em criar a sua própria força militar e que a saída do exécito Americano se adiasse indefinidamente, prolongando a situação de ocupação, apesar de o governo já ter afirmado que os Estados Unidos estão no Iraque por convite... A ajuda militar é necessária e urgente, mas a quem recorrer?

À Liga Árabe? À União Europeia? À Russia? A quem? Nenhum destes candidatos parece uma boa solução para a geneticamente modificado Iraque pós-Sadam, nenhum lhe daria garantias de isenção e de eficácia. Mas a NATO tem assumido cada vez mais o papel de prestadora de serviços à ONU, portanto, tem legitimidade para operar num país soberano sem que independência desse país seja posta em causa. A maioria das tropas presentes neste momento no Iraque são da Nato, mas não têm mandato da ONU, agem na ilegalidade.

Quando o Iraque pede a intervenção da NATO é provável que esta peça autorização à ONU, é também provável que esta, por sua vez, dê à NATO um mandato para o Iraque. Desta forma a situação fica perfeitamente legitimada, o governo limitou-se a resolver um problema já existente, encerra definitivamente a situação de ocupação em que se encontra e ajuda o seu amigo George W. Bush.

Se houvessem decisões destas noutros locais do mundo...

O passo seguinte seria a entrada do Iraque na NATO, aí a Coligação poderia finalmente dizer que fez algo de positivo, pela paz no mundo.

2004/07/09

Novo governo

O Presidente da Republica decidiu pedir à maioria parlamentar para formar um novo governo após a saída do anterior primeiro-Ministro para assumir o lugar de presidente da Comissão Europeia.

Penso que decidiu bem. Para que quem votou nos neo-liberais se arrependa ainda mais do que já está, mais dois anos farão mais pela esquerda portuguesa do qualquer campanha eleitoral.

E escrevo isto sem uma ponta de ironia.

2004/06/07

Rock in Rio 04 de Junho de 2004

Pois é… Lá fui ao Rock in Rio, os metaleiros estavam lá, os novos e os velhos. Foi muito curioso ver a diferença entre gerações no público do dia do metal; de um lado os miúdos imberbes com t-shirts de Slipknot, Linkin Park e Korn; do outro lado os cotas com t-shirts de Metallica, Iron Maiden e Sepultura.

Os cotas, em que eu me incluo com a minha t-shirt de Metallica, estão quase todos carecas, barrigudos e com alianças nos dedos. Mas lá estávamos todos juntos no Slam!

Quando cheguei já Moonspell estava a tocar, embora não seja grande fã tenho que dizer que eles são uma grande banda. Grande mesmo. Foi um concerto muito bom, mas como não sou grande fã fiquei à sombra das árvores a beber umas Sagres.

Depois desci para ouvir Sepultura: “Agora é que vai ser fixe!” – pensei.

E foi!

O novo vocalista safa-se bem. Os pontos altos, para mim, foram “Biotech is Godzilla”, “Refuse/Resist”, “Roots” e, claro, “Slave New World”. Só não pude saborear melhor a música “Bibotech is Godzilla” porque houve um bacano que se aleijou mesmo à minha frente e estive a ajudar a sacá-lo de lá. Felizmente estávamos perto do corredor central e tirámo-lo de lá num instantinho.

Durante Spliknot fui jantar... E ainda bem, eles tocaram um bocado mal...

Icubus foi fixe. Não tocaram o “Pardon Me”, mas “Drive”, “Wish you were here” e “Nice to know you” foram muito bons e mobilizaram o público para cantar alto e em bom som.

E depois foi a vez dos reis. Os Metallica, além da qualidade das suas composições, sabem montar um espectáculo. Eles são profissionais, sabem muito bem o que andam a fazer, e sabem-no há muitos anos. Quem já viu vários concertos dos Metallica não estava à espera de menos, nem à espera de mais, os Metallica são aquilo: Boa música com uma apresentação excelente, sempre com o objectivo de agradar ao público, o que conseguem invariavelmente. A encenação do “One” estava bastante boa, assim como a do “Enter Sandman”, com os fogos de artifício e efeitos sonoros a darem mais consistência a músicas que já são por si só excelentes.

Resumindo:

As músicas do Chaos A.D. dos Sepultura; “Megalomaniac”, “Nice to know you” e “Wish you were” dos Incubus; “One”, “Creping Death”, “Battery”, “Blackened”, “Harvester of Sorrow”, “Leper Messiah”, “Welcome Home Sanatorium” e finalmente “Master of Puppets” dos Metallica foram os melhores momentos da noite. Para mim claro.

2004/06/05

Eleições para o Parlamento Europeu no dia 13 de Junho

Com a aproximação das eleições visitei os sites dos quatros partidos/coligações que se vão submeter a votos no dia 13, e que nos representam na Assembleia Nacional, encontrei em todos eles um documento com o manifesto das suas posições e propostas relacionadas com estas eleições e não só.

Os documentos podem ser encontrados em:

Bloco de esquerda
CDU
PS
Força Portugal

Para eu ter uma ideia clara daquilo que todos eles defendem, de acordo com os respectivos manifestos, fiz um quadro que pode ajudar outros a tomarem uma decisão: EleiçõesEuropeias

2004/05/22

Excesso de velocidade

Todos sabemos a quantidade de acidentes que ocorrem nas estradas portuguesas, têm havido várias campanhas de sensibilização nesse sentido e a comunicação social faz-nos lembrar dessa realidade com frequência. Mas o que é feito para evitar os acidentes e as mortes?

Tolerância zero?!!! Acho que é uma das maiores hipocrisias da nossa república. A tolerância não deve existir nunca, tem que haver responsabilização dos cidadãos que se comportam de uma forma criminosa e assassina. Se alguém faz a IP5 a 180 km/h devia ser penalizado por isso, sem tolerância alguma, nunca.

As leis até são bem pensadas e teoricamente protegem-nos destes perigos. Nas estradas localizadas em povoações o limite é de 50 km/h, a essa velocidade um carro em boas condições deve conseguir parar em segurança perante um imprevisto qualquer. Mas a lei não é cumprida, e de uma forma generalizada e impune. Se houvesse um agente de autoridade por cada cidadão a controlá-lo e a garantir que a lei era respeitada, tínhamos um sistema eficaz, mas esta solução é incomportável por razões óbvias. Mecanismos de controlo automáticos, como os radares, seriam outra solução eficaz, mas o custo, para o estado, de cobrir todas as estradas por radares é impeditivo.

Depois de dedicar algum tempo cogitação a este tema, penso que uma solução viável passa pela acção dos nossos legisladores, nacionais ou comunitários, no sentido de obrigar a que os veículos comercializados tenham limitadores de velocidade. Muitos dos fabricantes já têm tecnologia que permite a implementação desta solução, e até comercializam veículos com essas características, embora com o objectivo de tornar a condução mais cómoda e não mais segura.

Quais seriam os efeitos práticos desta solução? Os acidentes continuariam a ocorrer, sem dúvida alguma, mas as suas consequências não seriam tão devastadoras. Embater a 120 km/h não é o mesmo que embater a 190 km/h.

Claro que a verdadeira solução está nas cabecinhas dos condutores. O automobilista é muitas vezes egoísta, vê a estrada como um autódromo, e tem interiorizada uma noção de irresponsabilidade que grassa pela nossa sociedade.

Mas a noção de irresponsabilidade é tema para outro artigo.

2004/05/20

Onde estão os metaleiros?

Que é feito dos guedelhudos que andavam com camisolas dos Iron Maiden a aterrorizar as velhotas e os putos do bairro?

Sei que alguns andam engravatados a trabalhar como vendedores de seguros, outros são bancários, de vez em quando ouvem-se sons vindos de um carro familiar, só com um ocupante, que reconheço como Metallica ou Sepultura. Mas o cabelo está curto, a barba feita, a camisa limpa, o nó da gravata impecável. Será que os metaleiros se lembram das letras das músicas que ouviam, e ouvem, quando se enfiam em escritórios ou vão visitar um cliente? Eu sim.

Quando me lembro de músicas como o Slave new World dos Sepultura, fico com vontade de me despedir e desenhar suásticas nas paredes do meu local de trabalho:

FACE- THE ENEMY
STARE - INSIDE YOU
CONTROL - YOUR THOUGHTS
DESTROY - DESTROY 'EM ALL

YOU CENSOR WHAT WE BREATHE
PRE-JUDICE WITH NO BELIEF
SENSELESS VIOLENCE ALL AROUND
WHO IS IT THAT KEEPS US DOWN

ONCE ALL FREE TRIBES
CHAINED DOWN LED LIVES
BLOOD BOILS INSIDE ME
WE'RE NOT SLAVES, WE'RE FREE

FACE- THE ENEMY
STARE - INSIDE YOU
CONTROL - YOUR THOUGHTS
DESTROY - DESTROY 'EM ALL


Corja de nazis!!! É o que me ocorre quando sou agraciado com as pérolas de sabedoria decisional dos meus superiores. Deve ser o meu mau feitio a falar.

Talvez faça um estudo sobre o destino dos metaleiros no dia 4 de Junho no Rock in Rio.


2004/04/27

Breve Introdução

Acho que uma breve introdução fica sempre bem, proponho-me falar de vários temas, nomeadamente:
- Informática
- História
- Política
- Religião
- Literatura
- Linguística

E outras coisas de que me for lembrando.

Desejo boa leitura a todos vós, e se ninguém ler pelo menos fico com um arquivo de notas e pensamentos.


Bem vindos ao blog Cloaca Maxima.