2004/09/22

Duas posições antagónicas.

Por um lado José Luis Zapatero, o actual presidente do governo espanhol, apela ao diálogo e às soluções não militares para lidar com o terrorismo, afirma que é necessário evitar que surjam barreiras onde elas não existem, entre o Islão e o dito mundo ocidental, e que é necessário encontrar as causas racionais para o terrorismo de forma a encontrar soluções racionais. Defende também o conhecimento mútuo e programas de aproximação cultural e educativa.

Por outro lado José María Aznar disse: “España rechazó ser un trozo más del mundo islámico cuando fue conquistada por los moros, rehusó perder su identidad.”. O anterior presidente do governo espanhol adoptou uma tese de conflito milenar entre dois grupos humanos, com culpa clara para os que agrediram primeiro, em que a única solução é manter o estado das coisas ad aeternum.

Para o senhor Aznar a Espanha tem as suas raízes no reino Visigodo e as influências posteriores, aparentemente porque resultantes de uma invasão, são contrárias à identidade espanhola. Mas ignorar a influência que a cultura árabe teve e tem na península é uma forma de trair a identidade espanhola e portuguesa. Quer queiramos aceitá-lo ou não muitos dos nossos antepassados eram árabes e muçulmanos, “limpar” a identidade Espanhola dessa influência é uma manipulação da realidade. Este tipo de argumento, de renunciar a identidade cultural e histórica com outros grupos humanos, é utilizado pelos bascos em relação à Espanha romanizada e arabizada, é utilizado no médio oriente e em inúmeros conflitos.

Alimentar a diferença é alimentar o ódio. Alimentar a proximidade é alimentar a paz.

Sem comentários: