2004/12/15

Ideia de cidade II

Na história de Roma de Tito Lívio a fundação de cidades e o conceito de cidade é semelhante à que Sófocles transmite na sua comédia "As Aves".

Neles a fundação de uma cidade é um acto nobre, um acto inspirado que é posto em prática por homens, mas que se aproxima do divino. Ou melhor, aproxima o homem do divino, havendo até vários casos na história em que os fundadores da cidade são divinizados.

A cidade, enquanto abstracção, evolui para a um conceito mais abrangente e mais complexo, mas da mesma natureza, que é a nação. Hoje continuamos a "divinizar" os fundadores da nação, e todos aqueles que tiveram um papel importante na defesa ou na definição da nação. Políticos, artistas e militares, ou os seus feitos, merecem estátuas, nomes de ruas e feriados. O culto que lhes prestamos é cultural ou patriótico, já não é religioso, mas continua a ser um culto.

Do latim civitas vêm as palavras cidade e cidadão, e do grego pólis vêm as palavras política e policía, em Atenas os nossos conceitos de cidadão e de político eram eram um só, sendo que todos os cidadão faziam política na assembleia. Noutras sociedades, como a nossa, esses conceito afastaram-se cada vez até chegar ao ponto de um político ser uma classe de cidadão com privilégios legais e sociais.

O nosso regime político é uma democracia representativa partidária, difere da ateniense por serem os partidos políticos a representar os interesses dos cidadãos na assembleia. O problema deste sistema é a diferença entre a representação dos cidadãos e a representação dos partidos.

Sem comentários: